“Dos diversos exercícios de escrita que já fiz, talvez este seja um dos mais complexos. Afinal, trata-se de colocar em poucas palavras a grandeza de um livro de contos que não fica a dever nada aos grandes contistas da história da literatura universal, entre eles o Machado de Assis e Franz Kafka. Porque é assim que entendo o texto desse jovem talento que é Jonathan Pazzoto. Conheci a escrita dele através de um livro de contos chamado Degradação e me intrigou profundamente como o título trazia sentido ao conjunto da obra porque, de fato, a degradação da natureza humana permeava todos os textos em maior ou menor grau.
Na obra que você tem em mãos, esse efeito não é diferente. Cada texto apresenta uma fratura, anuindo ao título do livro. O teor da ruptura que a fissura promove é variável: alguns têm a intensidade de um soluço breve que irrompe no susto; outros têm o mesmo potencial destruidor de um tsunami. Mas assim é a escrita de Jonathan. Quando você a conhece, não passa incólume: em maior ou menor grau suas histórias têm o poder de nos atrair, como se fôssemos mariposas em torno de uma lâmpada.
E já deixo aqui um aviso aos navegantes que queiram singrar os oceanos que permeiam esta obra: Jonathan escreve com pressa. À medida em que lia, tive visões deste jovem martelando as folhas e trabalhando as palavras como se estivesse com medo de que elas fugissem dele e deixassem de comunicar ao mundo um pouco das suas próprias fraturas. E que bom que deu certo. E melhor ainda que a Nauta acolheu em seu porto esta nau, que agora se lança ao mar. Que venham muitas outras fraturas literárias como essa, com a mesma pressa em se revelar.”
Márcia Medeiros
Doutora em Letras pela Universidade Estadual de Londrina
Professora Titular da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul
“Nos dias de hoje as obras literárias ganham grande espaço nas redes sociais; são inúmeros autores e vários gêneros, mas um específico me chama atenção. O conto, por sua estrutura delimitada, sempre me causa certa admiração; eles por vezes seguem uma linearidade, e por outras, não.
Jonathan Pazzoto é um especialista nessa arte, seus contos são cheios da realidade nua e crua, dignos dos grandes escritores. Suas obras são carregadas de profundidade e uma visão social que me lembram alguns autores russos, como Dostoiévski. Ao percorrer os caminhos da obra de Pazzoto, encontramos personagens cheios de uma humanidade visceral.
As histórias de Jonathan são tão reais quanto a violência que nos atinge diariamente. E por que não lutar contra essa violência, reconhecendo que ela existe? Ele o faz, com maestria. Encara o monstro diário com coragem e veracidade. Um escritor focado no social. O conto intitulado O objeto é verossímil, realista e encantador ao mesmo tempo. Só um grande autor consegue descortinar as verdades do ser, e ainda introduzir, mesmo que de forma cênica, o que acontece em nossas ruas e comunidades.
Nasceu por essas linhas um grande escritor, de nome Jonathan Pazzoto.”
Leandro Azeredo, escritor, autor de "Abimeleq"